Ilha
A
ilha é só minha. E ninguém tem o poder de a invadir. Eu não quero contar a
ninguém onde a ilha se situa mas vou protegê-la de qualquer animal ou humano
que a ameace.
Não
vou negar que a tenho de meu e sempre a terei. Apesar de todos os dias
corsários e piratas, cruzeiros e barcas tentarem ultrapassar as armadilhas que
coloquei na costa, a minha ilha é pacífica.
Dizem que é uma vida solitária mas na verdade tenho
alguns amigos e amigas e nem sequer precisei de ir à escola para os encontrar. De
facto, na minha ilha só vivo eu e o Bryan, juntamente com alguns animais.
O
Bryan é uma espécie de amigo imaginário. Mas não é bem isso. Para falar a
verdade, não sei bem o que o Bryan é. Só sei que me acompanha nas minhas
caçadas e que me ajuda a afastar tudo e todos da minha ilha. É claro que
ninguém o vê mas ele consegue fazer tudo o que eu faço com a vantagem de ser "invisível".
Foi ele que me ajudou a construir a casa onde moro, e quem me ajuda diariamente a caçar animais para comer. Sim, apesar da minha ilha ser pequena, tem muitos animais aqui a habitar. Como já têm um sentido de hostilidade para comigo, os animais até me ajudam por vezes, seja a apanhar alguns frutos nas copas das árvores aonde não chego, seja mesmo a testar as armadilhas (as inofensivas claro).
Sendo assim...Tenho
muitos amigos mesmo. E todos eles me ajudam a encontrar o que preciso, seja
isso comida ou conforto e, em troca eu partilho a minha comida, a minha
inteligência e ajudo-os a passar pelas armadilhas sem serem apanhados.
-
Acorda, dorminhoco! – Exclamou Bryan.
Esta
era uma das razões pela qual eu não acreditava que Bryan pudesse ser apenas um
amigo imaginário. Eu estava a dormir profundamente, como poderia o meu
pensamento acordar-me?
-
Olha quem fala! – Respondi. Se há algo que o Bryan é, é dorminhoco.
-
Mas eu durmo quando é de dia… Vá lá, daqui a um bocado fico com sono… Vamos
comer! – Pediu Bryan.
Ele
é o meu melhor amigo. Eu não tenho nada a ver com ele fisicamente mas como eu
já tinha ouvido dizer, os opostos atraem-se. Eu sou loiro, tenho o cabelo
encaracolado, tenho olhos azuis e acredito ser bem estruturado. Tenho umas
pequenas sardas junto ao nariz e tenho 1,71 metros de altura, por isso
considero-me alto, apesar de o Bryan ser maior. Sou engraçado, corajoso, forte,
esperto, decidido, despachado, metediço e curioso.
O
Bryan é ruivo, tem o cabelo encaracolado, tem olhos cor de mel, é bem
estruturado, é mais alto que eu, com 1,80 metros de altura. É engraçado,
simpático, temperamental, esperto e adora dormir de dia.
Um
dos meus traços mais característicos é ser respondão e metediço. No fundo,
estes dois traços estão interligados. Tenho a certeza de que, se encontrasse
uma rapariga como o Bryan, me apaixonaria por ela. Sei que o facto de ser
metediço a afastaria, mas pensando melhor, o Bryan não se afastou…
-
Quando vivia na cidade, não eras tão chato, é do sol? – Perguntei rindo-me logo
a seguir, dando um salto da cama e pondo-me de pé.
Já
tinha vivido na cidade. Mas os prédios, a poluição, as tecnologias excessivas e
desnecessárias…Não eram uma vida para mim. Tinha experimentado viver na cidade
há uns anos atrás, durante alguns meses mas logo desistido. Como esta ilha sempre estivera na minha família e eu era o único sobrevivente desde que...Bem, não é um assunto que eu gosto muito de falar. Apenas tinha o Bryan agora. Só ele.
-
Que eu me lembre bem, quando moravas na cidade, não tentavas afastar toda a
gente mas sim, ser popular. Querias aproximar-te das pessoas! Agora pára de ser
respondão e fingir que fui o único que mudei e levanta-te da cama. – Focou
Bryan.
Ele
até tinha razão. Eu queria ser popular, mas só por um motivo, queria ter uma
razão para ficar a viver na cidade. Os meus pais morreram quando eu fiz 14 anos... e eu não tinha amigos nenhuns sem ser o Bryan e algumas raparigas que por vezes se
aproximavam, mas Bryan dizia-me sempre que tudo o que elas queriam era tomar
partido do facto de eu ser loiro e de olhos azuis.
Por
isso, aos meus 15 anos mudei-me para esta ilha. Agora tenho 16 anos e tenho vivido
muito bem, talvez até melhor que lá. Mas sei que já tinha passado férias nesta
ilha antes, quando os meus pais ainda eram vivos. Na verdade, foram eles que me
ensinaram tudo o que sei. E foi nesta mesma ilha que conheci o Bryan pela
primeira vez quando tinha apenas 12 anos.
- Mas
és o meu pai ou quê? – Resmunguei, abrindo o armário e tirando uma t-shirt
verde.
-
Não, mas sou o teu melhor amigo que está esfomeado! – Exclamou Bryan. Riu-se e
deixou o compartimento.
Cliquei
num botão que estava perto da minha cama, na parede, para ser mais preciso e
abri o tecto. Deitei-me na cama e olhei as estrelas. Dei uma vista de olhos ao
relógio e pude verificar que eram ainda 5 da manhã. Eu ia matar o Bryan por me
ter acordado tão cedo.
Antes
de me juntar a Bryan na parte de fora da casa, fechei os olhos e imaginei uma
rapariga com olhos cor de mel, cabelo ruivo e encaracolado.
Gostava
tanto de a conhecer. A rapariga dos meus sonhos. O que me é mais estranho é o
facto de ser sempre a mesma rapariga que ronda os meus sonhos. Será o destino?
Mas o Bryan sempre me disse que nunca existiu nem nunca existirá tal coisa. Que
o futuro é baseado nas escolhas que tomamos...
Levantei-me
da cama e juntei-me a ele.
-
Estou pronto para ir caçar. – Informei.
-
Estava a ver que não! – Exclamou Bryan, saltando da árvore e parando uns metros
abaixo, sem um único arranhão, por mim, nada impressionante.
Saltei
também, dei uma pirueta no ar e juntei-me a ele. Isto sim, era impressionante.
(Peço que não retirem nada destes posts assim pois é da minha autoria. É algo em que tenho vindo a trabalhar e, mesmo que não percebam nada, prometo que todos os dias tentarei publicar uma página ou um capitulo. Espero que me acompanhem nesta jornada.)
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